
Eu comecei a assistir Mushishi há quase um ano atrás. Vi alguns episódios, depois de alguns meses mais alguns, e depois mais alguns… finalmente terminei os 26 episódios há alguns dias (coincidentemente ou não, a série estreou duas semanas atrás no Animax).
O motivo de eu demorar tanto não era porque Mushishi é ruim. Mushishi é bom demais. Só que ele tem um estilo que não te deixa desesperado para assistir o próximo episódio. Na verdade, cada episódio é uma história separada, somente alguns estão relacionados.
O anime se passa num Japão medieval alternativo, que não possui nada de muito diferente ao original, a não ser por um detalhe importante: a existência de seres sobrenaturais chamados de mushi. Eles são uma forma primitiva de vida, lembrando mais plantas do que animais, e são invisíveis para a maioria. Cada espécie de mushi tem suas características e impactos no ambiente e nas pessoas.
O personagem principal é Ginko, um mushi-shi, alguém que estuda mushis. Ele viaja por todo o Japão para ajudar pessoas que foram afetadas por mushis. Cada episódio segue basicamente o mesmo esquema, e pode até lembrar séries como Arquivo X. Algum mistério ocorre, Ginko aparece e investiga para descobrir qual Mushi está o causando e tenta achar uma solução.
Apesar dessa “mesmice”, os episódios não deixam de ser interessantes, justamente pela variedade de mushis que são abordadas. Para exemplificar, no primeiro episódio, Ginko investiga um garoto cujos desenhos tomam vida; no segundo, ele ajuda uma menina que mora presa num porão por não suportar exposição à luz. Tudo causado por mushis, claro. Mas eles não são vilões, no mesmo sentido que animais, plantas, fungos e bactérias que prejudicam o homem não o fazem por “mal”, mas por simplesmente serem desta forma.

No começo, eu tentava achar uma “moral” em cada história, procurando simbolismos e coisas do tipo, como em Haibane Renmei, por exemplo. Mas Mushishi não é um anime deste tipo; ele simplesmente a história da vida de Ginko e das pessoas afetadas pelos mushi. O que não faz o anime ser menos interessante, porque seu principal ponto é mostrar os conflitos, perdas, alegrias e conquistas dos seres humanos, apenas usando mushis como gatilho para tais eventos.
A ambientação do anime é perfeita e é parte importante do motivo de Mushishi ser o anime que é. A animação é excelente. Os personagens secundários podem até parecer “sem graça” e parecidos para alguns, mas Mushishi é um anime “realista”, ninguém tem cabelo verde ou azul — o que não é defeito algum. A exceção é o próprio Ginko, que bizarramente usa roupas modernas — um resquício do fato da série originalmente se passar no tempo atual, segundo o autor. A música é igualmente excelente, variando de temas tranqüilos e contemplativos que são belíssimos, até temas sinistros que dão frio na espinha. E é claro, o Ginko é um grande personagem; não tem como assistir o anime e não simpatizar com ele.
Mushishi é uma pérola entre os animes, e recomendo fortemente. Naturalmente, quem só gosta de animes cheio de ação vai achar um pé no saco. Mesmo se você acha que “está preparado” para ver Mushishi, pode ser surpreender. Ele é extremamente “parado” e contemplativo, o que pode ser um defeito para alguns.
São 26 episódios, baseados nos 5 primeiros volumes do mangá de 10 volumes que foi publicado durante 9 anos, encerrando este ano. Infelizmente existem poucos scanlations do mangá pela net, nenhum dos volumes não cobertos pelo mangá. Taí uma série que compraria com certeza se fosse lançada por aqui… Também existe um filme em live action dirigido pelo Katsuhiro Otomo (de Akira) que vou ver se assisto também.
Mushishi está passando na Animax terças, às 22:30 (não se preocupe em ter perdido alguns episódios; como eu disse, eles são independentes). O OMDA subou em português, mas não sei onde baixar, tem que dar uma fuçada. Em inglês existem vários subs, é só fuçar em sites do torrents.